Primeira sessão ocorreu na manhã desta quarta-feira (3) e trouxe detalhes sobre a necropsia e os relatos colhidos na época da morte da modelo
Na manhã desta quarta-feira (3), teve início o júri popular do caso da modelo Isadora Vianna Costa, em Imbituba. A sessão, conduzida pela juíza Dra. Luiza Silvestre Rinaldi, começou às 9h26 e teve como primeira testemunha o delegado Rafael Bittencourt Rampinelli, responsável pelas investigações iniciais na época dos fatos.
O delegado relatou que, ao chegar ao hospital com sua equipe, constatou a ausência de ferimentos externos no corpo da vítima, mas destacou que o laudo de necropsia revelou um trauma intestinal compatível com impacto violento, além do rompimento da veia cava, lesão considerada rara e de difícil ocorrência espontânea. Segundo os médicos, tais ferimentos poderiam ter sido causados por socos, chutes ou outro tipo de agressão física.
Rampinelli também destacou elementos que marcaram o início da investigação: relatos de vizinhos sobre gritos e barulhos de briga durante a noite. Uma mulher, bombeira voluntária, abriu a porta do prédio para os bombeiros e afirmou ter ouvido sons de briga e móveis sendo arrastados.
Ainda segundo o delegado, a cena do crime apresentava indícios de alteração. Os bombeiros foram os primeiros a chegar ao local e relataram que a cama estava com lençol. Quando a Polícia Civil entrou no apartamento, o lençol já não estava mais na cama. Além disso, havia medicamentos espalhados pelo quarto e sinais de desorganização. O delegado acrescentou que uma amiga do acusado teria interferido no cenário, motivo pelo qual responde atualmente por fraude processual.
A conclusão da Polícia Civil de Santa Catarina é de que Paulo seria responsável pelo feminicídio, ocorrido após a ida de Priscila e Roger ao apartamento, a pedido de Isadora, que acreditava que o companheiro estava passando mal. Segundo as investigações, Paulo não queria que eles soubessem sobre o uso de drogas e teria reagido com agressividade diante da situação.
O que disse a defesa?
A equipe de defesa alegou que Isadora não apresentava sinais de tentativa de defesa diante das possíveis agressões. Segundo os advogados, não foram encontrados indícios de DNA sob as unhas da jovem, nem fraturas ósseas ou marcas no pescoço e nos braços. Para a defesa, também não seria plausível que ela tivesse recebido vários socos e chutes em um único ponto - onde teria ocorrido o rompimento da veia cava -, já que, após o primeiro impacto, a vítima se curvaria sobre o próprio corpo, o que resultaria em outras lesões em diferentes regiões.
Além disso, a equipe de defesa apresentou o prontuário hospitalar, que registra a realização de ciclos de massagem cardíaca por aproximadamente duas horas. O documento indica que, em três momentos, ainda foram identificados batimentos cardíacos da vítima. Os exames também apontaram a presença de cocaína no sangue, na urina e no conteúdo gástrico de Isadora indicando ingestão de grande quantidade da droga.
Relembre o caso
Em maio de 2018, a modelo Isadora Vianna Costa, de 22 anos, sofreu uma fatalidade em um apartamento em Imbituba, envolvendo Paulo Odilon Xisto Filho. O Ministério Público acusa Paulo de homicídio triplamente qualificado, incluindo feminicídio, enquanto a defesa sustenta que a morte foi causada por overdose acidental de drogas. O caso chega ao Tribunal do Júri sete anos após o ocorrido.
O júri, que deve se estender no perído da tarde e nos próximos dias, segue ouvindo testemunhas de acusação e defesa antes dos interrogatórios e da fase final de debates.
Por Redação RSC
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